Discipulado

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Reflexões

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18.1.17

Discipulado - a graça preciosa (parte 2)

Leia a primeira parte desse assunto clicando aqui.



Com a expansão do cristianismo e a secularização crescente da igreja, a consciência da graça preciosa perde-se gradualmente. O mundo estava cristianizado, a graça passara a ser propriedade comum de um mundo cristão. Tornando-se assim barata, caindo no automático, na rotina, formalidade.

O que preservou a graça ainda como preciosa, foi uma má interpretação da mesma. O monasticismo, tolerado pela igreja romana, foi quem manteve com o abandono da vida que possuíam, levando a vida procurando servir os severos mandamentos de Jesus na prática diária. Dessa maneira houve o protesto vivo contra a secularização do cristianismo, contra o barateamento da graça.

Entretanto, pelo fato de ter tolerado a vida monástica, evitando assim uma cisão definitiva na história da igreja romana, a igreja o relativizou, encontrando nele certa justificação de seu próprio mundanismo. A vida monástica restringia-se e transformava-se numa realização especial de caráter individual, que não poderia ser exigida ao povo cristão.

O monasticismo não se enquadra no que o apóstolo Paulo se refere acerca do não casamento para uma vida dedicada. A despeito disso, o monasticismo distanciou-se essencialmente do cristianismo por se deixar transformar ele próprio na realização excepcional, voluntária, restringida a poucos, reivindicando a si mérito especial. Isso não é discipulado, nem graça preciosa, pois a graça não se restringe a alguns.

A história toda mudou por intermédio de Lutero, que na Reforma, avivou uma vez mais o Evangelho da graça pura e preciosa. Mas antes Lutero teve sua vida consagrada totalmente no convento. Ali aprendeu nas escrituras que somente o obediente é que pode crer. As escrituras lhe mostraram que o discipulado de Jesus não era a realização meritória de alguns, mas um mandamento estendido a todos os cristãos.

A graça nos leva ao mundo, não que este seja bom e santo. Estamos na graça piedosa quando não precisamos viver com nosso eu piedoso, com o si mesmo – aquele que quiser vir após mim, negue-se a si mesmo. O discipulado da graça preciosa é para ser vivido no seio do mundo. Essa obediência ao mandamento de cristo deve acontecer na vida profissional todos os dias.

A vocação de cada cidadão no mundo recebe nova legitimidade a partir do Evangelho somente à medida que é exercida no discipulado de Jesus. O que impulsionou Lutero não foi a justificação do pecado, mas do pecador. A graça leva ao serviço, ao discipulado.

Quando entendemos errado a graça caímos no pensamento que, se a graça é suficiente para pagar todos os pecados e me justificar, então se eu viver naturalmente como tenho vivido, tudo como antes, vivendo na certeza que a graça de Deus encobre. O mundo inteiro está se tornando ‘cristão’ nessa premissa, desta graça. A má utilização dessa mensagem de graça conduz à completa destruição.

O desafio hoje é em meio a tanto falatório não se deixar pela facilidade e comodidade, entrar pela graça barata, sem responsabilidade dos atos.

Para esse pensamento sobre a graça preciosa no entendimento de uma vida de discipulado, cito Hebreus 10, que no contexto sobre o sacrifício de Cristo e seu valor eterno, diz a partir do versículo 16 ao 18:  "Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor. Porei as minhas leis em seus corações e as escreverei em suas mentes"; e acrescenta: "Dos seus pecados e iniquidades não me lembrarei mais". Onde essas coisas foram perdoadas, não há mais necessidade de sacrifício pelo pecado.; e acrescenta no versículo 26 e 27: Se continuarmos a pecar deliberadamente depois que recebemos o conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados, mas tão-somente uma terrível expectativa de juízo e de fogo intenso que consumirá os inimigos de Deus.

A fidelidade está imbuída na vida cristã, na vida de discipulado, no reconhecimento da graça preciosa. Dessa forma o escritor aos hebreus finaliza o capítulo.


Mas o meu justo viverá pela fé. E, se retroceder, não me agradarei dele". Nós, porém, não somos dos que retrocedem e são destruídos, mas dos que creem e são salvos.

Hebreus 10:38,39



Por Félix Martins Lírio



11.1.17

Discipulado - a graça preciosa (parte 1)





Quem está inserido no meio eclesiástico, ou já foi abordado pelos agentes das igrejas, já deve saber, por mais que de maneira leiga, o que é GRAÇA.

Muitos utilizam o jargão do favor imerecido. Perfeito. Trilharemos nosso pensamento com essa premissa.

A essência da graça seria que a conta foi liquidada antecipadamente e para todos os tempos e pessoas. Estando, então, a conta paga, pode-se obter tudo gratuitamente. Que tudo? Salvação e comunhão com Deus. Por ser imensuravelmente grande o preço pago, da mesma forma são as possibilidades de uso e dissipação.

Porém o maior inimigo das mentes dos que escutam é a própria graça, mas da maneira ‘genérica’ com que é apresentada: a graça barata. A graça barata significa graça como doutrina, como princípio e sistema; significa perdão dos pecados como verdade geral, irrefutável, o amor de Deus como conceito, repito, apenas conceito cristão de Deus. Quem o aceita já tem o perdão de seus pecados. O mundo, assim, encontra fácil cobertura para seus pecados dos quais não tem remorsos e não deseja verdadeiramente libertar-se.

Isso é a graça barata, institucionalizada. Por isso hoje é tão fácil ler nos noticiários de fofocas os ‘babados’ dos que se ‘tornaram evangélicos’. Confesso que nas linhas que escrevi encontra-se minha luta diária de realidade. A graça barata causa a justificação do pecado e não do pecador. Há um abismo enorme entre uma coisa e outra. Como a graça é autossuficiente, tudo pode permanecer como antes, afinal ‘minha força não faz nada’.

O mundo permanece a girar e nós seguimos pecando, mesmo na vida mais piedosa.

Gosto da ironia carregada nas palavras de Dietrich Bonhoeffer, quando diz: ‘Viva, pois, o crente como vive o mundo, coloque-se, em tudo, em pé de igualdade com o mundo, e não se atreva – sob pena de ser acusado de heresia entusiasta! – a ter, sob a graça, uma vida diferente da que tinha sob o pecado!¹'

Graça barata é graça como refugo, perdão malbaratado, consolo malbaratado², sacramento; é graça como inesgotável tesouro da igreja, distribuído diariamente aos ventos a quem queira congregar, sem pensar e sem limites, sem preço, sem custo.

Esse cenário é graça barata como justificação do pecado, mas não justificação do pecador penitente, que abandona o pecado e se arrepende. Não como perdão que separa do pecado. É barata por ser a pregação do perdão sem arrependimento, do batismo sem a disciplina, da Ceia do Senhor sem a confissão e reconhecimento do pecado – justamente oposto, por se achar bom e não pecador.

Caminho cristão sem discipulado, sem a cruz, sem Jesus cristo vivo.

A graça preciosa, por sua vez, é o Evangelho que se deve procurar sempre de novo, o dom pelo qual se tem que orar, a porta à qual se tem que bater. É como o tesouro oculto no campo. É o senhorio que leva o ser humano arrancar o olho que o faz tropeçar, que faz largar tudo e seguir – mesmo que na continuidade de suas atribuições na sociedade.

É preciosa por custar a vida ao ser humano, e por assim, graça, de lhe dar a vida. Preciosa por condenar o pecado, e por justificar o pecador. Preciosa por ter custado a vida do filho de Deus. “Vocês foram comprados por preço” (1 Cor 6.20). Não foi de graça, foi pela graça! Não pode ser barato para nós aquilo que custou caro para Deus. É preciosa porque Deus não achou que seu Filho fosse preço demasiado caro para pagar pelos nossos erros e vida. A Graça é a manifestação de Deus.


Fique atento, pois esse texto não termina aqui. Acompanhe o site diariamente ou semanalmente. Para obter o conteúdo parte II, clique aqui.





[¹] Extraído do Livro com Título em Português e edição brasileira “Discipulado”, pela editora Sinodal, 2004.
[²] Malbaratado: desperdiçado. Outros sentidos como vender com prejuízo, sem dar valor, desperdiçando, fazendo pouco caso.


Por Félix Martins Lírio




4.1.17

Vida de Discipulado - prefácio




Estamos diante de inúmeras decisões todos os dias. Aliás, nossas decisões nos constroem. Somos frutos de nossas decisões – repito várias vezes com a finalidade de reconhecimento.

Qual filme assistir; qual caminho seguir; qual roupa usar; qual curso universitário optar; que livro ler (raro); em quem acreditar; são decisões a serem tomadas.

Vivemos em uma época que as notícias chegam rápido, mesmo não sendo sempre verdadeira.

Épocas de reavivamento eclesiástico (embora atualmente não se tenha muitos exemplos de movimentos dignos de ser considerados), trazem enriquecimento às pessoas para as sagradas escrituras. Por trás das palavras, por mais humanas que sejam[1], surge uma procura, uma busca decidida por aquele a quem unicamente interessa achar – o próprio Jesus.

Não nos interessa saber as ideias dos expoentes da igreja, mas aquilo que Jesus quer é que queremos descobrir. Em algum momento essa decisão recairá sobre você. Quero que com essa reflexão, se esse momento já chegou ou se ainda é imanente, te ajudar a decifrar. Não considero-me afortunado da verdade absoluta ou da capacidade absoluta de identificar e ser uma espécie de ‘guru’ da revelação.

Alguns identificam com as palavras da Bíblia, ou em reflexão sobre atitudes cotidianas. Comigo demorou certo tempo.

Nos espaços eclesiásticos hoje, se o próprio Jesus e não os métodos para se alcançar algo, se tão somente Ele estivesse em nosso meio na pregação, seria outro o grupo de pessoas a escutar e outro a rejeitá-la. Não que as pregações das igrejas tenham deixado de ser a palavra de Deus; no entanto há muito som estranho, esperanças falsas, falsos consolos, turvando assim a mensagem cristalina de Deus para a salvação, dificultando assim a decisão autêntica. Seria como chupar uma bala com a casca sem ser removida.

A culpa não deve ser procurada nos outros por estar carregada de fórmulas e conceitos estranhos. Há demasiados elementos humanos, cantigas de entretenimento, elementos institucionais, doutrinas de variadas origens. Quem de nós não teria imediatamente as respostas corretas para nos isentar da responsabilidade por aquelas que apontamos como erradas? Não seria também uma resposta correta, se a nós mesmos perguntássemos se não nos tornamos nós o empecilho para a palavra de Jesus?

Como? Com nossas atitudes cotidianas, talvez. Apegamos, também, facilmente a determinadas formulações, a um tipo de comentário, estrutura social, temos dogmáticos, repetindo conceitos Bíblicos mas sem razão alguma de o fazer relegando, assim, outras partes não menos importantes da Bíblia, pregando opiniões e convicções pessoais?

Nada servem perguntas retóricas ou generalizadas e autoacusação. Voltemos às escrituras, partindo da pobreza de nossas convicções, bem como estreiteza de nossas opiniões para a amplitude e a riqueza dada em Jesus Cristo.

De qualquer maneira, minha intenção não é de estar criando algo novo ou chamando a sua atenção ao que já praticamos, instituindo exigências impossíveis, atormentadoras, excêntricas, para ser luxo aos que obedecem e pesadelo aos que preocupados com o sustendo da família, se acharem menos dignos que estes.

Quando as escrituras falam de discipulado de Jesus, proclamam a libertação do ser humano de todos os preceitos humanos, de tudo quanto oprime, de toda inovação para cativar.

A palavra de Deus, os mandamentos de Jesus, são extremamente duros para os que se opõe com a visão distorcida pelos caminhos que tratam a Bíblia como auto ajuda.

Que Deus nos dê discernimento para permanecer com os fracos e os sem Deus em toda a amplitude do amor de Cristo para com todos os seres humanos e trilhar a estreita decisão a passo firme á sermos mais de Jesus em um mundo carente de amor.



Leia aqui a parte 1 e a parte 2.






[1] Por mais humanas: refiro-me às palavras de vontade humana vinda dos líderes eclesiásticos, que por mais que não seja propriamente Bíblicas, trazem um certo padrão moral e/ou de ordem para uma vida melhor.





Por Félix Martins Lírio




28.12.16

Um Ano Novo Todo Dia



A você que está lendo essa pequena e singela mensagem, desejo todo amor, paz, carinho, comunhão e oportunidades. Que esse ano que está entrando possa ser repleto de momentos em que possamos dizer: aproveitei essa oportunidade.

Quem convive comigo de uma forma mais direta sabe que, apesar de minha parte 'ranzinza', há alguém que muito fala em oportunidades e a sobre a morte ser iminente. A vida é uma oportunidade única que muitos perdem em busca de coisas, em busca de ter um sentido para a vida (e a perdem).

Eu gostaria que esse sentimento de final de ano, Natal, e tudo que se passa fosse todos os dias. Imagine como seria a vida se vivêssemos neste clima o ano todo? Vemos que há algumas reações muito peculiares nesta época: traficantes perdoam e poupam a vida de jovens  viciados devedores, há um esforço maior por fazer o bem ao próximo. não é necessário escrever mais nada, já refletimos agora.

O amanhã é incerto. Então vamos viver cada dia como o 'ano novo', oportunidade nova.

Minha oração é para que esse sentimento não pare, que não aconteça somente nas últimas duas semanas do ano.

Que os acontecimentos do ano passado possam servir como incentivo para o ano que está, no calendário, chegando; aprendizado, sabedoria.


A todos, um feliz ano novo todo dia!



Félix Martins Lírio




imagem; http://blogosfera-panrotas.s3.amazonaws.com/traveltech/wp-content/uploads/2016/12/2017.jpg

12.12.16

Um Natal consciente



Estamos próximos do Natal. Sempre nessa época há um dilema e debate se é certo ou não festejar essa data. Alguns se escondem no argumento das origens da festa. Bem, vamos aqui conhecer os argumentos de cada parte, de forma bem simples.


Os que se posicionam contra a ‘Cristandade’ festejar e celebrar o Natal, se referem às origens da Festa. Culto pagão, Festejar Saturno (Saturnália). Acrescentam que houve um sincretismo dessa festa pagã com o então cristianismo no quarto século, quando Constantino declarou o Cristianismo a religião do império.


A história nos traz esses fatos. Há indícios de mudança de dia de celebração de festas pagãs, ou festas a um ‘santo’. Não vamos olhar os detalhes que não influenciarão ao que realmente importa.


Uma outra posição se defende alegando ser uma festa para celebração do nascimento de Jesus. Segundo o relato bíblico é impossível Jesus ter nascido nessa data, pois na região é frio, e os pastores não estariam no campo. Mas foi atribuído. Assim devemos estar celebrando com alegria essa boa nova para a humanidade, dizem.


Pessoas alegam que a troca dos presentes é originária dos Reis (?) magos (?) que trouxeram ao menino Jesus. Primeiro: eles trouxeram só para Jesus e não para todos; os presentes tem um significado importante (veja o motivo da vinda deles).


A troca de presentes seria sim, mas conveniente com o ato de Saint Claus (Santa Claus – Saint Nicholas e todas as variações) que distribuía presentes (por volta de 6 de Dezembro) às crianças e mulheres.


Voltando ao assunto principal, vou transcrever 4 pontos que Caio Fábio escreveu sobre o Natal:

1. Que Jesus não nasceu no Natal, em dezembro, mas muito provavelmente em outubro.

2. Que o Natal é uma herança de natureza cultural, instituída já no quarto século. De fato, o Natal da Cristandade, que cai em dezembro, é mais uma criação de natureza constantiniana, e, antes disso, nunca foi objeto de qualquer que tenha sido a “festividade” da comunidade dos discípulos originais.

3. Que a Encarnação, que é o verdadeiro natal, não é uma data universal — embora Jesus possa ter nascido em outubro —, mas sim um acontecimento existencial que tem seu início em nós quando cremos que Deus estava em Cristo, e se renova em nós cada vez que vivemos no amor de Deus, confiantes na Graça da Encarnação e na Encarnação da Graça: Jesus, o Emanuel.

4. Que embora o Natal da Cristandade não seja nada além de uma celebração religiosa e sincrética, nem por isso ele faz mal a quem o celebra como quem come o pão e bebe o vinho do Amor de Deus em Sua Encarnação. Isso porque, como qualquer outra coisa, o que empresta sentido às coisas não são as coisas em si mesmas, mas o olhar de quem nelas projeta, simbolicamente, o seu próprio coração.

Assim, que cada um tenha o Natal que em si mesmo tiver sido gerado!


Vemos que no livro de Ester, uma data que seria e matança dos judeus com celebração e posse dos bens pelos adversários, depois foi instituída como uma festa de alegria para os Judeus, por serem libertos disso – festa de Purim.


Posso compreender aqueles que querem ser rigorosamente cristãos - mas caem na religiosidade. Não querem ter ligação com o mundo e qualquer raiz pagã que possa repousar sob a celebração do Natal, mas não me posiciono da mesma maneira nesta questão. Como falou John Piper, “chegamos a um ponto onde as raízes já estão distantes de tal forma que o significado presente não carrega mais nenhuma conotação pagã. Fico mais preocupado com um novo paganismo que se sobreponha a feriados cristãos”.


Se tomarmos como base excluir tudo que provem de um possível paganismo, vamos ter de repensar muitas coisas. Um exemplo:


Todo idioma tem raízes em algum lugar. A maioria dos dias da semana [em inglês] —se não todos— saíram de nomes pagãos também. Então deveríamos parar de usar a palavra “Sunday” (domingo) porque ela pode ter estado relacionada à adoração ao sol em um tempo distante? No inglês moderno, “Sunday” (domingo) não carrega aquela conotação, e é a própria natureza do idioma. De certa forma, os feriados são como a linguagem cronológica.


Agora obtemos a celebração do nascimento de Jesus, do Messias. Nós achamos que o nascimento, a morte e a ressurreição de Cristo são os eventos mais importantes na história humana. Seu nascimento mudou até mesmo a contagem do tempo na história. Sua morte e ressurreição fundamentam o Cristianismo. Não celebrá-los de alguma forma poderia ser uma insensatez (retorno às palavras de Caio Fábio quando se refere ao nascimento de Cristo nas pessoas).


Realmente vale o risco, mesmo que a data de 25 de Dezembro tenha sido escolhida por causa de sua proximidade com algum tipo de festival pagão. Vamos apenas tomá-la, santificá-la e fazer o melhor com ela, porque Cristo é digno de ser celebrado em seu nascimento. Como na profecia Bíblica, um menino nos nasceu e seu nome será maravilhoso, conselheiro, Deus forte, príncipe da Paz.


Que nessas festas possamos estar celebrando com alegria e espalhando os atributos de Cristo de forma consciente. Que o amor sobreponha qualquer tipo de interpretação.



Imagem www.examiner.com / caiofacio.net / desiringgod.org /


Por Félix Martins Lírio




31.10.16

A Reforma Protestante




Há muito material histórico sobre a reforma protestante disponível hoje – bem organizados e dignos de muita confiabilidade. Alguns concentram-se apenas em Lutero no momento de descrever a reforma. A intensidade da chamada reforma protestante não é em Lutero, pois nada se constrói sem uma base.

Chamamos de antecedentes o que serve de pano de fundo de toda história. Podemos apontar o final da idade média, com o surgimento dos estados nacionais. Posterior e simultâneo, o declínio do papado com o pontífice Bonifácio VIII (1285 – 1314). Tudo desenrolou para o ‘Grande Cisma’.

Para detalhes sobre o assunto, acesse http://www.mackenzie.br/6962.html.

Descrevo em tópicos para que possamos ressaltar pontos que culminarão no objetivo da reforma.


Primeiros Movimentos de Reforma


Nos séculos XIV e XV desenrolaram alguns movimentos de protesto contra vários ensinos e práticas da Igreja Medieval. João Wycliff (1325?-1384), um sacerdote e professor da Universidade de Oxford, na Inglaterra, encabeçou um. Ele atacou as irregularidades do clero, principalmente sobre as superstições (relíquias, peregrinações, veneração dos santos), bem como a transubstanciação, o purgatório, as indulgências, o celibato clerical e as pretensões papais.

Abro parênteses aqui para trazer a memória uma comparação com as igrejas contemporâneas em relação ás superstições e misticismos.

Influenciado pelos escritos de Wycliff, ele que era sacerdote e professor da Universidade de Praga, João Hus (c.1372-1415), também encabeçou um movimento importantíssimo. Afirmava que todos os eleitos são membros da igreja e que o seu cabeça é Cristo, não o papa. Insistia na autoridade suprema das Escrituras. Hus foi condenado à fogueira pelo Concílio de Constança. Seus seguidores foram os precursores dos Irmãos Morávios, outro grupo protestante cujas raízes são anteriores à Reforma do século 16. Outro que deve ser ressaltado entre os pré-reformadores é Jerônimo Savonarola (1452-1498), um frade dominicano de Florença, na Itália, que pregou contra a imoralidade na sociedade e na Igreja, inclusive no papado. Governou a cidade por algum tempo, mas finalmente foi excomungado e enforcado como herege.


A Reforma - contexto social e religioso


Havia muita violência, baixa expectativa de vida, profundos contrastes socioeconômicos e um crescente sentimento nacionalista. Com isso muita insatisfação, tanto dos governantes como do povo, em relação à Igreja, principalmente ao alto clero e a Roma. Na área espiritual, havia uma religiosidade baseada em obras, aparência, pagamentos.


Os pagamentos não eram apenas para o perdão dos pecados. Na divisão de cargos eclesiásticos em um cenário mais podre que as patentes usadas, uma família comprou uma autorização do papa Leão X, para um nobre, Alberto, que pela idade, por ser leigo e outros motivos políticos não poderia ocupar uma cadeira de arcebispo. Resolvido isso, tão logo foi instalado no seu cargo, Alberto encarregou o dominicano João Tetzel de fazer a venda das indulgências (o perdão das penas temporais do pecado) para com uma parte pagar as dívidas da família para compra do seu cargo e o restante para obra da Catedral de São Pedro em Roma. Quando Tetzel aproximou-se de Wittenberg, Lutero resolveu pronunciar-se sobre o assunto.



Martinho Lutero (1483-1546)



Martinho Lutero nasceu em 1483 na cidade de Eisleben, na Turíngia. Pretendia seguir a carreira jurídica, até que em 1505 defrontou-se com a morte em uma tempestade e resolveu abraçar a vida religiosa. Ingressou no mosteiro agostiniano de Erfurt, onde se dedicou a uma intensa busca da salvação. Em 1512, tornou-se professor da Universidade de Wittenberg, onde passou a ministrar cursos sobre vários livros da Bíblia, como Gálatas e Romanos. Isso lhe deu um novo entendimento acerca da “justiça de Deus”: que não era apenas uma expressão da severidade de Deus, mas do seu amor que justifica o pecador mediante a fé em Jesus Cristo (Rm 1.17).


No dia 31 de outubro de 1517, diante da venda das indulgências por João Tetzel, Lutero afixou à porta da igreja de Wittenberg as suas Noventa e Cinco Teses, a maneira usual de convidar-se uma comunidade acadêmica para debater algum assunto. Uma cópia das teses chegou às mãos do arcebispo, que as enviou a Roma. No ano seguinte, Lutero foi convocado para ir a Roma a fim de responder à acusação de heresia. Recusando-se a ir, foi entrevistado pelo cardeal Cajetano e manteve as suas posições. Em 1519, Lutero participou de um debate em Leipzig com o dominicano João Eck, no qual defendeu o pré-reformador João Hus e afirmou que os concílios e os papas podiam errar.


Em 1520, a bula papal deu-lhe sessenta dias para retratar-se ou ser excomungado. Os estudantes e professores da universidade queimaram a bula e um exemplar da lei canônica em praça pública. Nesse mesmo ano, Lutero escreveu várias obras importantes, especialmente três: À Nobreza Cristã da Nação AlemãO Cativeiro Babilônico da Igreja e A Liberdade do Cristão. Isso lhe deu notoriedade imediata em toda a Europa e aumentou a sua popularidade na Alemanha. No início de 1521, foi publicada a bula de excomunhão.


Nesse ano, Lutero compareceu a uma reunião do parlamento, a Dieta de Worms, onde reafirmou as suas ideias. Foi promulgado contra ele o Edito de Worms, que o levou a refugiar-se no castelo de Wartburgo, sob a proteção do príncipe-eleitor da Saxônia, Frederico, o Sábio. Ali, Lutero começou a produzir uma obra-prima da literatura alemã, a sua tradução das Escrituras.


Implicações Práticas


A motivação de todos os reformadores não foi política ou denominacional como vemos hoje. Eles não buscavam inovação mas restaurar antigas verdades bíblicas que haviam sido esquecidas ou obscurecidas pelo tempo (leia-se pela ambição dos líderes – nada como hoje) e pelas tradições religiosas e humanas. Sua maior contribuição foi chamar a atenção para a importância das Escrituras, especialmente no que diz respeito à salvação e à vida cristã.


Para que as Igrejas Evangélicas atuais possam manter-se fiéis à sua vocação, é preciso que julguem tudo pelas Escrituras e não interpretando pelo achismo. Os reformadores nos mostraram que o critério da verdade não são os ensinos humanos, nem a experiência espiritual subjetiva, mas o Espírito Santo falando na Palavra e pela Palavra.

A história da Reforma não é conto de fadas e nem ‘zen’, ‘numa boa’ como imaginamos. É o relato inconformado, um atrito entre a verdade e o comodismo, para não falar canalhice por parte dos ‘coronéis da fé’. Nem sempre é agradável, mas inspiradora.

Por causa das profundas conexões entre elementos religiosos e políticos, esse período foi marcado por muita violência em nome da fé. Porque a religião cega as pessoas, as paixões que desperta podem se tornar terrivelmente destrutivas, ainda mais somadas com poder e política. Sigamos nós, com o objetivo da reforma, ter a motivação de Cristo.

A reforma não parou por aí. Ela seguiu. Falaremos ainda no site sobre Ulrico Zuínglio, os Anabatistas, João Calvino, e todo reflexo da ação desses homens.





Por Félix Martins Lírio








11.5.16

Discipulado em esboço



A vinda de Jesus ao mundo teve como propósito o sacrifício expiatório. Em sua vida dedicou-se na formação de alguns discípulos, e estes para agirem da mesma maneira até que o Evangelho do Reino alcançasse o mundo todo. Eram homens simples, e no período que Jesus os ensinou, não estavam totalmente cientes do propósito de Jesus e nem de sua morte precoce.


Contudo, o estilo de vida de Jesus foi o modelo a ser imitado por todos eles. O discipulado não se restringe à mudança comportamental total. É muito mais comportamental do que visual. A maneira ‘visual’ do discipulado em nossa vida fica condicionada aos dons de cada indivíduo e ao papel de cada um na sociedade onde está inserido. Somos chamados a desempenhar um papel condizente com nosso estilo de vida e vocação.


Não preciso obrigatoriamente ser o melhor comunicador e mais espontâneo a partir do discipulado. Meu caráter e a essência dos atos devem refletir Jesus no meu círculo de amigos e pessoas com quem me relaciono através do trabalho. Não são todos os que tem o chamado específico ao pastorado de maneira integral.


Lamentavelmente, poucos entendem significado, especialmente quando diz respeito ao modo de vida. Alguns líderes de igrejas não têm a menor ideia do que seja ensinar alguém a observar e a guardar tudo o que Jesus ordenou. Assim, não causa surpresa o fato de muitas pessoas não conseguirem ir muito longe em sua peregrinação de fé, nem aprenderem a construir uma sociedade melhor.


O ‘siga-me’ de Jesus aos discípulos tinha por objetivo a aplicação integral ao ministério, e a partir deles, todo desencadeamento para que o Evangelho do Reino chegasse aos confins da terra. Ressalto que nos evangelhos vemos várias pessoas que participavam ativamente do ministério de Jesus e do reino sem estar no chamado integral.






Por Félix M. Lírio




13.4.16

A Super Ovelha



Vou ser mais direto a partir de agora. Devido ao analfabetismo funcional, onde mesmo sabendo ler não se entende, há essa necessidade. Deixar no ar, sugerir... isso não funciona com ignorantes! Procurarei sempre disponibilizar um glossário para auxiliar em palavras não tão populares.


Há no circo religioso – isso mesmo, circo -  absorção, mesmo que intrínseca, de ‘empoderamentos’, de ideologias recentes e infundamentadas para colocar o homem em um papel que não lhe cabe. Nos termos teológicos Antropocentrismo[1].


Não é recente esse desvio da centralidade do evangelho na igreja. Historicamente percebemos isso. Vemos que por falta de conhecimento e sobra de infantilidade as pessoas são levadas a um misticismo anticristão, inserindo nos ritos de reunião objetos, ou ações vindas de pensamentos para atrair a atenção dos (in)fiéis. Seja por ignorância ou caso pensado, é um erro. Mas um erro que condena a muitos que cegamente procuram pela bizarrice (refiro-me as pessoas que vão em busca desses shows, dessas aberrações).


Nesse contexto vemos uma imagem quase beatificada: a ‘super ovelha’. Não vou imputar a culpa nos escritores e no cinema para isso entrar no ‘ramo de negócio evangélico’. Desde as músicas às pregações, liturgia aos cumprimentos, linguagem... tudo remete a isso – empoderamento da ovelha.


Na figura de linguagem Bíblica somos comparados a ovelhas e Cristo ao pastor, que conduz, cuida, guia. Não é a finalidade deste texto expor a função do pastor de ovelhas para explicar o motivo dessa comparação.


Quero apenas citar dois textos que mais sofrem com essa bestialidade: Salmo 23 e Mateus 10.16 – especificamente.


O Salmo 23 dispensa muitos comentários sobre contexto. Com a inversão do papel, mostra-se uma ‘ovelha’ no papel principal, e não como objeto cuidado; mostra como protagonista merecedora dos cuidados, e não do cuidado espontâneo da sua fraqueza e fragilidade.


Mateus, em um relato profundo sobre ensinamentos na fala de Jesus, no versículo, expõe uma preocupação seguida de conselho prático: comportamento diante do problema. O predador é o lobo, a ovelha presa. Com a ‘teologia bestial’, inverte-se e cria uma super ovelha, capaz de andar em meio aos lobos sem medo de ser devorada, pois ‘o senhor é meu escudo e fortaleza’ – ótima interpretação de contexto, não é? E se usássemos a frase ‘ninguém toca no ungido’? Ou então, quem sabe, vamos brincar com o predador...


A imaginação que tenho é de uma ovelha fraca que após ser encilhada pela religião, levanta sob duas patas e sai toda imponente esmurrando os ‘lobos’ por onde passa. Está mais para o Pacato, o animalzinho medroso do He Man que se transformava pelos poderes de Grayskull. O pensamento de invencibilidade toma conta.


Ignorância pura ou manipulação? Fico sem saber ao certo se é show de entretenimento ou burrice. O que sei é sobre a consequência desastrosa.





Por Félix M. Lírio






[1] substantivo masculino
fil rel forma de pensamento comum a certos sistemas filosóficos e crenças religiosas que atribui ao ser humano uma posição de centralidade em relação a todo o universo, seja como um eixo ou núcleo em torno do qual estão situadas espacialmente todas as coisas (cosmologia aristotélica e cristã medieval), seja como uma finalidade última, um télos que atrai para si todo o movimento da realidade (teleologia hegeliana).


30.3.16

Deus não existe #1: o mal



Você já escutou essa frase antes: Deus não existe. Pessoas sofrendo, professores ‘acima da média intelectual’, filósofos ou até mesmo você (como se para ser inteligente precisa desacreditar no criador). É um assunto de amplitude enorme. Vamos abordar hoje alguns pontos.

Abro aspas para contar um breve testemunho introdutório. Em uma ação proposta pelo seminário Bíblico CTMVida, de evangelização, em uma região de Blumenau, dois colegas Fernando e Mariane, se depararam com um jovem, de aproximadamente 13 anos. Ele falou que Deus não existia. Indagado o motivo ele recuava. Finalmente falou que era ativo na igreja e seu irmão foi diagnosticado com Câncer. Com isso o dirigente da igreja entregou uma mensagem “que Deus livraria seu irmão de 8 anos da doença”. Seu irmão morreu. Nenhum argumento surtiu efeito no momento. Revolta.

Importante ressaltar que Deus não é obrigado a fazer a nossa vontade.

Por fatos assim muitas pessoas desacreditam de Deus. Criam uma negação, uma repulsa. Outros motivados pelo estudo tomado como absoluto, vindo da direção de professores desacreditados de Deus por alguma crise interna. Esses motivos são quase infindáveis, e a ação da igreja ao longo dos séculos e também a contemporânea, acaba prejudicando por falta de conhecimento.

Perguntar não é pecado, questionar também não. Um exemplo Jó.

Dos principais argumentos ‘intelectuais’ para justificar a não existência de Deus estão:

1)      Há o mal no universo
Crianças inocentes morrem em guerras, em pandemias, de fome, de sede. Se Deus existe ele é um sádico, argumentam.

Note que a argumentação é mais emocional do que racional. Há uma raiva no argumento, pelo sentimento de incapacidade de evitar as coisas, e essa responsabilidade é atribuída a Deus.

Não acredito que essa seja uma argumentação plausível. O que é considerado trevas para os intelectuais, estudiosos, cientistas, dicionários? Ausência completa de luz.

Se o mal é argumentação para a não existência de Deus, o bem não seria o contra-argumento? Vemos muitas ações que nos fazem acreditar na humanidade. O argumento toma validade quanto insistimos em buscar a origem do mal. De onde vem? Da inexistência de Deus ou de um sádico. Não deveria ser perguntado de onde vem o bem?

Clinton Richard Dawkins é um etólogo (comportamento animal), biólogo evolutivo e escritor britânico. Possui vários livros escritos, entre os quais “The God Delusion” (Deus, um delírio), conhecido por publicar o ‘O Gene Egoísta’, introduzir o conceito de meme, defender o ateísmo, o racionalismo e o secularismo e Críticas à religião, disse: “Se Deus é um delírio, porque nascemos iludidos por Ele?”. Ele não tinha certeza.
Como vamos ser atraídos por algo que não existe?

Não podemos considerar uma linha torta se não houver o parâmetro de linha reta. Para existir o mal, existe o “bem”. O mal é atribuído a um Deus sádico que não deve existir, mas o bem... vejamos... já está em nós. A essência do ‘feitos conforme sua imagem e semelhança”.

Froid, para quem gosta de filosofia, designa-se ateu, admite que carecemos de um Pai, um Deus protetor. Se carecemos de uma imagem de Pai protetor, de onde vem essa carência? Nosso organismo carece de algumas vitaminas que são encontradas na alimentação, porque existem.

Um pensamento simples é a comparação com a viagem de avião. Algumas pessoas passam por problemas respiratórios, acabam sentindo-se sufocados. Isso não prova que     o oxigênio não existe. Por um contexto externo não se consegue usufruir do oxigênio. Pressurização, distância, circunstância.

Existem pessoas boas. Existe pessoas que buscam fazer o bem. Há as declaradas cristãs, outras ateias. Não há problema nenhum. Uma coisa não invalida a ação. Ateus também possuem valores morais, fazem o bem, pagam imposto. A verdade moral, sobre bem e mal, não é construída. É revelada, descoberta, existente. Não é determinada por voto, preferência ou gosto pessoal.

A base de valores é circunstancial sem Deus. Variável. Não há um ponto fixo, uma linha reta, régua. Possuímos uma essa referência (Jo 17.17).


Deus existe. O que não existe são algumas ‘versões’ de deus.





Por Félix M. Lírio



Imagem disponível na internet.

16.3.16

Pecadinho e pecadão





Temos o costume de julgar causas. Nos consideramos os mais ‘justos’ juízes – se baseado em nossa própria vivência, trapos de imundícia é uma definição superficial! No segmento de ética e moral temos os maiores julgamentos.

Neste senso de julgamento criamos parâmetros aos pecados. ‘Pecadinho’ e ‘pecadão’. Isso vem permeando há séculos os padrões brasileiros. Essa distinção entre pecados mortais e veniais, criam um escudo para os que erram.

Os pecados mortais privam o indivíduo da graça salvadora e a condenam diretamente ao inferno, sem direito a defesa. Os veniais são mais leves e merecem um tratamento diferenciado, temporal. Ao longo dos séculos criou-se uma lista de pecados veniais e mortais, ou pecadinho e pecadão.

Nossa ética aceita o jeitinho, a mentirinha, a fofoca, as pequenas corrupções, mas o adultério se tornou imperdoável! No cenário político as acusações (muito bem fundamentadas) de corrupção são ignoradas nas eleições. O cenário político Brasileiro é uma prova disso, nos últimos 3 mandatos. O que falar do Norte Americano Bill Clinton e o escândalo sexual tempos atrás? Diferente, não é? Não deveria. O erro é erro mesmo que todos façam e o correto é correto mesmo que ninguém o faça!

As igrejas evangélicas têm por base o fundamento Bíblico de que todo pecado é igual, e o que ‘tropeça pelo menor mandamento que seja, é culpado por todos’. É raro alguém ser corrigido, admoestado por pecados como mentira, preguiça, vaidade, orgulho, fofoca.

Vemos rigor quanto aos pecados sexuais como adultério, prostituição, fornicação, pornografia, homossexualismo – mesmo alguns caindo no campo ‘aceitável’ para não perder público.

Os evangélicos são rigorosos acerca de imagens e questões como não fumar, beber. Mas não o é em questões essenciais tanto quanto! Justo em pontos que vêm moldando a mentalidade de hoje, na maneira de ver o mundo.

Preocupamo-nos com práticas supersticiosas como lenços e artefatos ungidos, em cerimônias com busca por algo ‘sobrenaturalmente espiritual’ (com a ignorância de não perceber que o natural é o caminho que Deus traçou para que o espiritual trabalhe).

Diferenciações sem fundamento. Gravidades diferentes sim, existem. Mas o julgar o que é e o que não é, não cabe a nós, pois condenamos uns ao inferno e a outros não. Se não forem beneficiados pela graça, todos acabam no inferno.




Por Félix M. Lírio


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2.3.16

O sentido da vida



Qual o sentido da vida? Você já pensou nisso. Já desistiu de pensar. Ficou decepcionado, chateado, furioso, confuso. Eu também. Alguns vão atrás e outros, ignoram. Porém há um momento que você precisa ir atrás de respostas.


Para alguns, saber ou não saber qual é o sentido exato da vida não faria diferença alguma; para outros é desesperador, a ponto de deixar de viver - enquanto sobrevive.


Aristóteles estava errado! Para muitos o sentido da vida consiste em alcançar a verdadeira felicidade. Ok. Mas o que é felicidade? Os que pensam assim consideram a felicidade algo circunstancial. Isso é alegria – temporal. Felicidade vai além, é atemporal, é transcendente.


Aristóteles considerava que a verdadeira felicidade só seria alcançada num estado de completa apatia, um estado de indiferença sobre tudo aquilo que nos rodeia. Já pensava assim – mesmo sem conhecer a filosofia dele. Este filósofo defendia que só a indiferença pelo destino, e uma vida livre de emoções de sensações poderá levar-nos à felicidade.


Outro que estava equivocado parcialmente era Epicuro. Para ele o sentido da vida passa, não no alcance da felicidade, mas na satisfação de desejos e prazeres. Nisso, mesmo que inconsciente sobre quem filosofou acerca, vive a maioria das pessoas. Busca frenética pelo prazer. Nisso diferem de Epicuro, pois para ele o prazer é a ausência de dor.


Prazer não é isso. Vocês sabem muito bem. Seu pensamento consistia em que para vivenciar esse prazer é fundamental evitar a dor e para isso não devemos viver com medos ou preocupações. Em partes correto; Jesus nos ensinou a ter um propósito e não medos, pois “o perfeito amor lança fora o medo”.


Epicuro não defende uma vida recheada de luxos e excessos, mas uma vida em conformidade com a natureza e com os outros. A morte não existe para ele, pois não a vê, apenas participa. Quando a morte existe, ele que não existe mais. Assim, em suma, desfrutemos da vida e ocupemos nossa mente não com problemas.


Sabendo disso podemos pensar melhor fundamentados sobre o sentido da vida. De fato, pensamos no sentido da vida, quando perdemos o entendimento dos caminhos do sentido – mesmo sem o ter claro.
É mais ou menos assim: não sei o sentido, mas se tudo está indo bem, faz algum sentido. Se não está de acordo com o que tenho no subconsciente, não há sentido. Nosso cérebro é demais!


Theodor Seuss Geisel diz: “Eu gosto de coisas que não fazem sentido: isso acorda as células do cérebro. Fantasia é um ingrediente necessário em nossas vidas, é um modo de olhar a vida pelo lado errado do telescópio. Isso é o que faço, e isso permite que você ria das realidades da vida. ”


Porém nenhum pensador chegou perto do ‘Eclesiastes’. Lendo Eclesiastes pode-se identificar como ‘o mais pra baixo, pessimista’. Eu prefiro ‘o realista’. Ele diz que os esforços são sem sentido, são bolhas de sabão que estão e logo se dissipam – por não compreender o sentido. Aliás, ele compreende o sentido ao assumir que não temos capacidade para identificar de maneira racional como gostaríamos.


Nisso concorda Niels Bohr que diz que o sentido da vida consiste em que não tem nenhum sentido dizer que a vida não tem sentido.


O sentido da vida é viver. Adaptando-se a viver. Por acaso escutei uma entrevista do lutador Minotauro, que em palavras sábias falou que na vida é preciso aprender a apanhar, pois bater todos sabem. Temos de estar nos adaptando quando as coisas não são como gostaríamos. No mais tudo vai bem.


O que que me faz pensar quase como Aristóteles, é a frase de Ludwig Wittgenstein: “O que sei sobre Deus e o sentido da vida? Eu só sei que este mundo existe”.


Para Pablo Picasso o sentido da vida é encontrar o seu dom e o propósito da vida é compartilhá-lo. Agatha Christie diz que a essência da vida é andar para frente; sem a possibilidade de fazer ou intentar voltar a trás. A vida é uma rua de sentido único.


Não é possível voltar. O que fiz, fiz. O que não fiz não faço mais. Nisso temos Deus e seu maravilhoso propósito. Em todo plano de redenção e salvação, o propósito era nos dar vida, e vida abundante, com sentido: amor.


Carl Jung diz que o indivíduo não realiza o sentido da sua vida se não seguir um serviço sobre-humano, algo transcendental e espiritual. Johann Goethe complementa esse pensamento dizendo que em uma situação difícil, escutar o coração mostra o sentido.


Mas o coração do homem não é enganoso como diz a Bíblia? Temos convicções pré-estabelecidas, sem necessidade de doutrinação. Sabemos o certo e o errado. Aí vem o relativismo doutrinando jovens indefesos com o pensamento de que nada é certo e nada errado, tudo depende.


Afinal, qual o sentido da vida? Você já descobriu. Viver. Viver uma vida bem vivida, com propósito. Deus nos dá a pista que o propósito da vida não é viver para o eu, para o ego, mas sim perceber a felicidade pelo amor. O amor não é restritivo, é ao próximo.


“A fé é o conhecimento do sentido da vida humana, conhecimento que faz que um homem não se destrua, mas que viva. A fé é a força da vida”. León Tolstói


“Tente estar em paz consigo mesmo, e ajude os outros a compartilhar desta paz. Se você contribuir para a felicidade de outras pessoas, encontrará a verdadeira meta, o verdadeiro sentido da vida”. Dalai Lama


“Aquele que tem um porquê para viver pode suportar quase todos os cosmos”. Nietzshe


Vitor Frankl relatou em seu livro “Em busca de Sentido” (tradução própria de Man's Search for Meaning 1959), que os prisioneiros, como ele também foi, que mais sobreviviam ao sofrimento do/no campo de concentração de Auschiwitz eram aqueles que sabiam que havia uma tarefa esperando por eles para ser realizada.


Viva!




Por Félix M. Lírio